sábado, 7 de julho de 2012

BUDÔ ESPONTÂNEO

O Budō da Bujinkan não é matemático, é espontâneo e se adapta às mudanças infinitas. É muito difícil de entender isto, mesmo para praticantes e professores avançados. O Budō da Bujinkan é a mente e o coração de Hatsumi Sensei com a herança de mais de 200 mestres, isto significa que é a criatividade constante conectada ao Universo infinito.

Se não conhece Hatsumi Sensei, é muito difícil entender a sua Arte. Se não compartilhou momentos tanto dentro quanto fora do Tatami, é difícil ver a realidade do mestre.

Muitas das imagens criadas por seus estudantes ao redor do mundo são pensamentos de como seria Hatsumi Sensei fora e dentro do Tatami. Estas são simplesmente projeções ilusórias numa necessidade da mente de ter onde se agarrar. Apegam-se a lendas, contos, histórias que ouviram ou leram, desta maneira, formam a sua própria imagem.

Julgar os seus métodos ou tentar entendê-los por lógica, é totalmente inútil. Por exemplo, tentar ordenar as práticas e graduações, é tentar fazer da Bujinkan uma organização desportiva, onde o sistema é formado por limites e acordos, para ganhar ou perder. O Budō da Bujinkan não é um esporte e, inclusive, não pode ser conduzido, treinado e transmitido da mesma forma que em outras Artes Marciais. De jeito nenhum!! Se você praticou outra Arte Marcial, deve mudar o dialeto e esvaziar-se das outras Artes Marciais para alcançar a compreensão da linguagem da Bujinkan. A linguagem é a simplicidade do desconhecido, é a essência do “não caminho” (Mudō) em novos sons provenientes da sobrevivência de milhares de guerreiros.

Sōke disse uma vez que a concentração ou o enfoque no Budō é diferente dos esportes e este é um ponto interessante e essencial. Isto significa que a mentalidade do Budō está além da simplicidade do esporte ou, melhor ainda, da competição. O propósito é universalmente diferente já que um é focado em ganhar e o outro em sobrevivência. Esportes empregam regras e a mentalidade do Ninja é projetada para romper o senso comum e florescer em um ambiente de maneira incomum.

Desta forma, as técnicas são pouco ortodoxas, assim como a maneira de pensar, treinar e até mesmo as graduações de seus praticantes. No entanto, o tempo vai demostrando que esta é a forma natural de ser, lembrando-nos do instinto essencial de sobrevivência e conexão com a totalidade.

Sinto que é importante não limitar as mentes para organizar as graduações da Bujinkan baseadas apenas em tempo de prática, em quantidade e qualidade técnica. As graduações são simplesmente Kyōjitsu que movem o poder das pessoas levantando seu espírito ou destruindo-os no sofrimento de seus egos. Uma graduação, muitas vezes, levanta o espírito de uma pessoa, enquanto aflora o veneno oculto de outros que são testemunhas.

O Hikari No Kaname (ponto essencial luminoso) está na pessoa que brilha, cresce, comemora e se esforça para aprender a conduzir a graduação recebida. Este é um ponto vital para fazer uma pessoa sentir-se bem levando para o seu âmbito diário.

No entanto, como existem pontos brilhantes, também existem pontos escuros, que são apenas a falta de luz, como um buraco negro no universo que absorve e destrói a matéria, se somos governados por ciúmes, acusação e a inveja do crescimento ou felicidade dos outros, então também seremos autodestruídos. O pior de tudo é que sempre acabamos levando alguém com a gente e nossa infelicidade prejudica outros seres inocentes.

Treinem para serem felizes, treinem para melhorarem o coração e a técnica, treinem para compartilhar. Não limitem a prática ao aspecto físico, que é finito e perecível, treinem ainda mais arduamente para fazer brilhar suas mentes e corações, para desenvolver as habilidades verdadeiras da configuração humana, tanto dentro quanto fora do Tatami. Não há necessidade de ostentar o que você faz dentro ou fora do Dōjō, para ajudar os outros é mais importante que essas ações sejam verdadeiras e realmente ajudem aos outros, não apenas nós mesmos.

Sōke disse: “Se o espírito é correto, qualquer lugar pode ser um Dōjō.” Algumas pessoas acreditam que mais se aprende a partir das aulas com poucas pessoas. O fato é que, se não compreendem ou não, praticam o que supostamente lhe foram ensinados, não importa se há 100 pessoas ou 10. “Budō não é uma questão intelectual. Só de pensar e falar sobre isso não os fará melhor”

O desafio consiste na integração dos ensinamentos do Budō às nossas vidas, com o propósito de êxito, felicidade, equilíbrio e bem estar. Além de evitar uma fixação nos aspectos violentos do Budō para a manutenção da paz e harmonia.

Treinar no lugar certo e com a pessoa certa pode elevar-nos para a realização pessoal. Porém, se não está bem consigo mesmo, nunca poderá receber o ensinamento correto. Se o coração está sujo, poderá estar ao lado do Sōke e apenas notar que seu cabelo é roxo ou que suas calças estão ao contrário, se você estiver com um coração puro e mente clara, poderá apreciar milhares de ensinamentos do Sōke e de centenas de professores, inclusive muito além das palavras.

Raramente podemos apreciar o quanto uma pessoa fez Shugyō em sua mente e coração, tanto dentro quanto fora do Dōjō. O sacrifício de cada pessoa é individual e particular, não se trata de fazer milhares Kaiten ou centenas de Kihon Happō, trata-se da realização de um coração verdadeiro e um espírito brilhante em um corpo saudável. Podemos acreditar que um treinamento árduo purifica nosso espirito, mas se você não tem a orientação adequada e apenas se conduz no caminho certo, não servirá para nada treinar milhares de horas.

Kokorō Gamae é a busca.

Christian Petroccello.

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