Ocorre em diferentes escolas de Artes Marciais a participação de alunos em acontecimentos desagradáveis como confusões, brigas e outras. Talvez seja por uma inadequada formulação das aulas, dos seus objetivos e da qualificação dos professores. Há a necessidade de uma formulação de diretrizes educacionais que gerem mudanças nesse quadro social-desportivo.
Existem barreiras que devem ser superadas para a adequação da prática de Artes Marciais, aos conceitos éticos e morais de convívio em sociedade contemporânea:
- Conhecimento inadequado do assunto a ser tratado na aula, e falta de interesse nos fatores que podem ser modificados.
- Falta de conhecimento das estratégias necessárias para modificar tais comportamentos.
- A cultura desportiva valoriza certos princípios e desvalorizam outros.
As habilidades de um professor podem ser relacionadas a tarefas ou a relacionamento, associadas à liderança efetiva. As tarefas se multiplicam e só são assimiladas com estudo, empenho e experiência. Entre elas:
- Planejamento de exercícios apropriados aos objetivos.
- Modificação da intensidade e do tipo do exercício.
- Explicação das precauções em diferentes situações.
- Esquematização do programa de treino e de equipe.
- Capacidade de decisão em emergências.
- Marketing pessoal e de grupo.
No relacionamento associado à liderança efetiva temos exemplos como:
- A capacidade de ouvir.
- Atenção às necessidades individuais.
- Interesse no que diz respeito a novos integrantes do grupo.
- Aceitação das diferenças individuais.
- Atenção para a integração do grupo.
- Habilidade para educar.
- Capacidade de motivar a equipe.
- Persistência, honestidade e diplomacia.
- Afinidade, empatia e outras vias de comunicação com os alunos.
As características e personalidades dos praticantes determinam o estilo de liderança e aí certas características devem ser avaliadas, como o estado de saúde, idade, objetivos e necessidades, classe sócio-econômica e nível educacional. Dentro de qualquer situação e característica dos participantes, um mestre deve ser capaz de manipular o equilíbrio entre os componentes da tarefa-orientada e do relacionamento-orientado, que devem ser incluídos com presença obrigatória nas aulas de Artes Marciais.
O estilo de liderança e o equilíbrio na utilização dos comportamentos, quanto às tarefas e o relacionamento, são determinadas de acordo como a situação se apresentar. O tipo de liderança para o indivíduo destreinado e obeso, interessado em perda de peso, é diferente daquele estilo de liderança para atletas preparados ou mais ainda para aqueles que já conseguiram atingir o profissionalismo e deixaram para trás o nível estandardizado de treinamento. A liderança é essencialmente um modo contínuo de estilos, desde o autoritário até o democrático e liberal. Nas situações onde a liberdade de pensamento é reprimida o mais utilizado é o autoritário (como no exército). Em outros casos onde há livre pensamento e a estrutura é resistente, ao estilo flexível é mais indicado. Neste contexto didático-pedagógico observam-se diferentes casos de alunos que só atendem através de comando e vivem na subserviência ou aqueles que se estruturam e decidem seus caminhos, seja orientado por um mestre ou por simples autodeterminação.
A motivação auxilia na liderança, nas mudanças que ocorrem e na manutenção dos anos de treino. Orientações com o conhecimento das razões que levam a um comportamento adequado, como saber quais as estratégias para motivar o aluno, que provavelmente, serão úteis para que os praticantes sejam maduros e ativos por mais tempo. A motivação do aluno para mudar ou manter comportamentos saudáveis, depende da educação da tomada de decisão e das habilidades competitivas, assim como a auto-avaliação do desempenho.
A motivação é maximizada quando os praticantes sentem controle sobre os objetivos e as atividades, se são bem sucedidos ou seus esforços são recompensados, de forma intrínseca com auto-estima e autoconfiança ou extrínseca com valorização social e econômica.
É então um princípio fundamental na adoção de mudanças comportamentais nos praticantes de Artes Marciais.
Desta forma os adeptos de Artes Marciais devem ter uma premissa de auto-responsabilidade que é central para as mudanças de comportamento pessoal mais saudável.
O bom professor deve programar suas aulas, procurar se reciclar em diferentes conhecimentos, práticos e teóricos, esclarecer suas dúvidas sobre seus procedimentos de ensino, reconhecer suas dificuldades e as necessidades individuais dos alunos. Cabe a ele selecionar os objetivos apropriados para vários grupos, permitir oportunidades de escolha, proporcionar o feedback e replanejar as aulas de acordo com a aprendizagem. O especialista deve ser capaz de ensinar a ciência da arte de lutar, tornar as atividades agradáveis e compensadoras. Essas habilidades podem ser ensinadas e, portanto, o interesse e o conhecimento nesta educação direcionada, é uma parte indispensável da liderança efetiva que os professores devem estar preparados para exercer no contexto das suas aulas de Artes Marciais.